sábado, 5 de junho de 2010

Colateral- Ação+Roteiro Inteligente= Obra Prima

Filmes de ação tendem em sua maioria a se esquecerem do roteiro,das atuações e preencherem a tela apenas com explosões, balas e sangue. Na maioria das vezes é bem divertido, tenho que admitir, mas a sensação de satisfação é gigantemente maior quando consegue se obter boas cenas de ação e um roteiro bem escrito, da gosto de ver, e esse é o caso do brilhante Colateral, dirigido pelo ótimo diretor de filmes de ação desse naipe Michael Mann.

 

Em mais uma noite pacata de trabalho, o motorista de táxi Max (Jamie Foxx) sai pelas ruas de Los Angeles levando e trazendo passageiros de todo tipo, mas um deles muda totalmente o rumo da noite. Vicent (Tom Cruise) pega o táxi de Max para concluir uns trabalhos dele, trabalhos que Max não faz ideia do que se tratam, mas graças a um erro de cálculo, Max descobre que Vicent é um assassino profissional que está em Los Angeles para matar 5 testemunhas-chave de um processo, e assim, o que parecia uma noite tranquila vira um jogo de vida ou morte onde os planos de Vicent estão mais relacionados com Max do que este pensa.

 

A originalidade desse filme é vibrante, não temos clichês na história, tudo acontece  de modo bem calculado e inteligente. No final, ficamos perplexos ao ver o ciclo perfeito que o filme cria, onde nenhuma informação dada a nós foi a toa, e tudo se encaixa como um quebra cabeça. As atuações do filme são soberbas, Cruise e Foxx estão bem alinhados, cada um no seu papel, sem estrelismos, dando performances verossimeis e incríveis ao mesmo tempo. Cruise como assassino que faz reflexões filosóficas entre um assassinato e outro é brilhante, o jeito dele falar e expressar suas ideias chega a dar calafrios, e conseguimos perceber dessa vez que ele não é só um galã das telonas. Foxx também dá um show de interpretação, ele consegue transmitir em Max todo nervosismo da situação e ainda nos mostra uma gradativa mudança no seu jeito de ser com o passar do tempo junto a Vicent, o que é muito interessante. Essa é a grande jogada do filme, é o efeito COLATERAL que a situação causa em Max, que no inicio era simpático, calmo, gente boa, e que depois de se envolver, mesmo que obrigatóriamente, com Vicent se mostra mais decidido, nervoso, frio e pessimista. Genial.

 

No quisito estético o filme não deixa a desejar, o passear de carro em LA de madrugada embalado por músicas calmas porém ritmadas dá muito estilo ao longa. As cenas de ação e perseguição também não faltam, compondo bem o filme de modo satisfatório. O legal de Colateral é também o fato de não ter tantas “idiotices de personagens”, tipo, o vilão hesitar antes de matar para dar tempo do herói chegar e salvar o dia, no filme as coisas são bem “reais” e ainda assim mantem sua graça.

 

Colateral é um filme espetacular em todos os sentidos, é diferente e nos faz pensar em muita coisa. As conversas entre Vicent e Max são dignas de filósofos, a visão de Vicent sobre as coisas chega a ser assustadora por ser extremamente verdadeira e sincera, e nos faz refletir sobre nossos atos e concepções. Vicent é um personagem extraordinário por jogar fora toda hipocrisia da sociedade e cuspir em cima dela, mas de forma controlada, nada explosiva, mas sim fria e desapegada, e ainda é convincente, de modo que Max acaba por fim pensando igual a ele, o que é inteligentissimo. Recomendo muito o longa, vai agradar com certeza tanto os cinéfilos mais cabeça, quanto aqueles que curtem uma boa cena de tiros e perseguição. Colateral é uma pérola dos filmes de ação que mudará seu jeito de pensar em vários momentos…

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