sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Nosso Lar-Mais um passo a frente

A badalada religião espirita ultimamente vem ganhando espaço no cinema nacional, lançando filmes que ajudam as pessoas a entenderem um pouco mais de sua doutrina para que talvez o preconceito com ela termine. O filme da vez é “Nosso Lar”, inspirado no livro psicografado pelo famoso Chico Xavier através do espírito de Emmanuel, que mostra como é a vida após a vida.

 

O roteiro é simples e ao mesmo tempo perdido. Temos como personagem principal André Luís que morre e passa por todos os processos espirituais pós morte, até chegar no lugar onde os espíritos ficam aguardando o momento da próxima encarnação. Esse lugar se chama “Nosso Lar”, e é onde o filme se concentra. A história do nosso protagonista é meio arrastada, em muitos momentos perde o fio da meada, o que deixa o filme um pouco cansativo, mas temos que entender que o mais importante não é o protagonista, mas sim o lugar em questão que dá nome ao longa. A intenção clara do filme não é nos converter ao espiritismo, mas sim deixar acessivel a todos uma explicação melhor sobre o que a religião fala, para assim termos uma opinião formada para poder julgar ou concordar com aquilo tudo. “Nosso Lar” quer passar uma visão diferente das coisas, para sairmos um pouco do convencional católico: Deus-Céu-purgatório-inferno-diabo.

 

As atuações do filme são bem regulares, o tom novelístico dado as cenas faz com que elas fiquem forçadas e perdem-se as suas sutilezas e nuâncias. Realmente não há muito a que ressaltar, o protagonista Renato Prieto precisa ser polido um pouco, ele tem até uma boa atuação, mas falta carisma, falta personalidade e um pouco de convicção. A atriz Selma Egrei faz a mãe de André, com bastante carisma e simplicidade ela chamou minha atenção, mas nada muito a declarar. Até grandes nomes do elenco como Othon Bastos, Werner Schünemann, e Paulo Goulart sofreram com o roteiro fraco e ficaram com as atuações ofuscadas e sem forças, o que é realmente uma pena.

 

O que mais importa no filme (para mim) é o avanço tecnologico no cinema brasileiro que ele proporciona. “Nosso Lar” é o filme nacional mais bem feito em questões técnicas da história brasileira! O longa faz uso de efeitos especiais e uma fotografia que enchem os olhos, com toda a sua iluminação paradísiaca e suas formas modernas de cenários, que nos dão uma ótima imagem na tela. Quando vi o filme no cinema fiquei orgulhoso do longa ser brasileiro, mesmo tendo uma história um pouco fraca e perdida, o passo a frente dado em termos tecnológicos nos abrem muitas portas, o mais difícil que era reunir capital e mãos habilidosas para cuidar dos efeitos especiais nós já superamos, agora o resto é fácil. O lance do Brasil é que falta segurança em seus longas, nós temos muito receio de andar em áreas desconhecidas, nos privamos com comédias clichês e dramas sobre miséria, o que faz do cinema nacional um grande e chatissimo porre convencional, mas nós temos potencial para mudar para melhor, para muito melhor! Raciocinem comigo. Nós temos atores de altissimo nivel que já conseguiram reconhecimento internacional devido as suas soberbas atuações, como Fernanda Montenegro (Rainha), Wagner Moura, Selton Mello, Tony Ramos, Pedro Cardoso, Andrea Beltrão, Marieta Severo, Paulo José, Marília Pêra, Lazaro Ramos entre muitos outros (muitos mesmo!). Temos ótimos roteiristas que só precisam de uma chance para conseguir mais reconhecimento, como o casal Fernanda Young e Alexadre Machado, além de Miguel Falabela. Temos grandiosos diretores como Fernando Meirelles, Guel Arraes, Walter Salles, Daniel Filho, entre outros. E agora temos tecnologia o suficiente para grandes filmes com efeitos especiais, então o que  falta para podermos competir de igual para igual com o cinema americano? CORAGEM! OUSADIA! ORIGINALIDADE! Só disso que precisamos, é só abandonarmos o jeito novelístico imposto pela Globo, confiarmos em nós mesmos e criar obras primas, que terão o luxo de ter como cenários as lindas praias do Rio de Janeiro, ou então a agitada metrópole paulista, as belas cidades do sul, ou até mesmo as florestas da Amazônia, nós temos muito potencial, só precisamos saber aproveita-los melhor, antes que outros venham e ganhem lucro em cima da gente, como o meu adorado James Cameron já está planejando fazer com as nossas florestas amazônicas. Já tínhamos potencial, agora temos know-how, só precisamos ousar, daqui para frente é só evoluir.

 

Ainda na parte técnica queria destacar a comovente trilha sonora, que dá a emoção certa para a cena, das mais animadas às mais tristes, lembrando muito (não sei porque) Central do Brasil.

 

Eu recomendo o filme com cautela, porque como longa, no geral, o filme não é muito bom, a parte estética é excelente, mas a história entedia com sua melancolia exagerada e seus diálogos enlatados, mas é aquela, prestigiar o cinema nacional e incentivar que mega produções continuem a serem feitas é sempre bom. Assista sem preconceitos, e sem um olhar muito crítico para atuações e roteiro, que assim fará a sessão valer a pena.

Um comentário:

  1. Teu blog é excelente!

    P.s.: O espírito que ditou o livro foi o de André Luiz =)

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