Eu sou imortal. Não ria de mim, você também é, só não tem certeza. O que é um ser imortal? Highlander. Um ser que nunca morre, que perpetua para sempre, que continua vivo, que se mantém em pé, em resumo, como disse anteriormente, um ser que nunca morre. Bem, você já morreu? Para estar lendo isso provavelmente não. Então, assim como eu, você é um Highlander em potencial. Só podemos realmente afirmar que somos mortais a partir do momento em que morremos, depois do momento mórbido, e dessa passagem de “respirando” para “não-respirando” é que podemos dizer que não somos imortais, mas aí como estaremos mortos não poderemos dizer nada, quem dirá são os que ainda estão vivos, os outros potenciais Highlanders. Como não há certeza até o fato consumado, prefiro dizer que sou imortal, e depois se eu morrer, e tudo que eu disse tiver sido uma grande mentira, dane-se, estarei morto, não é mais meu problema. Então, até esse último segundo que eu verifiquei eu sou imortal. Não que eu realmente queira ser imortal, é só uma questão de rotulação apropriada. Dizer que se é imortal é algo legal, mas se formos parar para pensar é uma merda. As pessoas que se descobrem mortais acabam morrendo, e você, se tiver algum laço afetivo com elas, acaba ficando triste ao vê-las partir, muito devido a incerteza do “depois”. O que acontece “depois”? A resposta infelizmente é incerta, para se ter certeza precisamos morrer, e “depois” disso não vamos saber se valeu a pena morrer para saber, afinal, depois de mortos, não sabemos, não sentimos, não entendemos mais nada. Deve ser algo frustrante, você descobre a sensação da morte, e “depois”, the end. Bem, há quem diga que há coisas “depois”, mas não sei, não quero morrer agora para descobrir e desmentir ou confirmar mitos, ou melhor, mesmo que conseguisse, provavelmente não conseguiria voltar para dizer, ninguém voltou ainda. Não me preocupo com isso, não mesmo. Prefiro curtir a minha imortalidade enquanto estou vivo, e enquanto estou vivo, sou imortal, só não me peça para provar.
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