Sabe aqueles filmes cults até o último momento, então, “Sobre Café e Cigarros” é um ótimo exemplo disso, e transpira originalidade, genialidade e elegância. Não é qualquer um que vai gostar do filme. Para entende-lo é preciso calma e mente aberta.
O filme é dividido em 11 curtas, onde sempre há pessoas em cafeterias fumando e bebendo café (capitão óbvio na área), falando sobre diversos temas, dos mais banais aos mais interessantes, permeando teorias, histórias de vida e elogios fortes a bela combinação de café e cigarro. No longa temos diversos ótimos atores, sendo que alguns até interpretam a si mesmo no filme, o que é muito legal. Os nomes mais famosos no elenco são: Cate Blanchett, Roberto Benigni, Bill Murray, Alfred Molina, Steve Buscemi e os músicos Iggy Pop e Jack White. Todos tem atuações brilhantes que soam bem naturais, que caem como uma luva num filme que se sustenta apenas em conversas entre pessoas estranhas sobre assuntos estranhos.
Sem fazer apologia ao cigarro (nunca fumei), o filme consegue ser extramamente elegante com essa mistura de café, cigarro, bons atores e uma fotografia preto e branco impecável, criando um ambiente estético perfeitamente belo. Quem viu sabe, aquela fumaça saindo do cigarro numa tela preta e branca é muito estiloso, parece que estamos de volta aos filmes noir dos anos 40 e 50.
As conversas são inteligentíssimas, mesmo aquelas sobre o exato nada conseguem demonstrar certa genialidade, apresentando um roteiro muito bem montado de modo que não fica nada forçado, nada robótico, tudo ocorre com uma naturalidade assustadora, como se estivessemos numa mesa ao lado dessas pessoas. Tem muita coisa por trás dos dialogos, muita mensagem a ser desvendada ao assistir com mais calma ao filme, transformando-o num daqueles que merecem ser vistos mais de uma vez. A melhor parte pra mim é a da Cate Blanchett em que ela contracena com ela mesma, se dividindo entre duas personagens que seriam de certa forma duas partes da sua personalidade: a Cate atriz, certinha e formal, e a Shelly toda errada, alternativa e livre, fazendo uma critica a ela mesma. Naõ consigo explicar direito, só assistindo para pegar essa metalinguistica excepcional. A parte do Bill Murray também é sensacional, é a mais hilária do filme, onde ele interpreta si mesmo como um viciado a café que tem delírios, muito engraçado mesmo! Em algumas partes o filme pode ficar tedioso, mas são minimas, na conclusão da obra essas partes são esquecidas e o que resta é um longa fascinante.
Não escondo a minha vontade de dirigir um filme assim se um dia eu me tornar diretor, achei a proposta do filme muito interessante. Recomendo o filme aos cinéfilos mais cults, porque a maioria das pessoas tendem a achar esse filme chato, já que não tem uma história certa, nada chega a lugar nenhum, e bla bla bla, enfim, medíocres. Se você gosta mesmo de cinema e está com a cabeça enfiada no mundo cult, esse filme é essencial, e talvez, quem sabe, deva ser apreciado a belos goles de café e algumas tragadas de cigarro… (mais uma vez digo: não faço apologia a cigarro e não fumo :D)
Adoro o filme e a sequência da dupla Cate !
ResponderExcluir