terça-feira, 13 de abril de 2010

Realidade no Cinema

Não sei se vocês perceberam, mas uma boa parte dos filmes que vem se destacando nos últimos anos estão tentando se mostrar os mais fiéis possíveis à realidade, o que pode ser bom ou ruim, dependendo do ponto de vista. Esses filmes tentam transmitir sua alta verossimilhança através de diferentes modos, seja pela história carregada de realidade cruel, pelo jeito da câmera e da fotografia como os filmes filmados com câmera na mão, ou até mesmo através do 3D que dá profundidade a imagem, criando uma espécie de teatro programado tecnológico.

Isso é bom? Sim, é ótimo. Mostra amadurecimento, nós saimos do mundo idealizado romântico onde tudo da certo e eventos acontecem convenientemente até um final feliz clichê, e vamos para uma narrativa mais concreta, menos hipócrita e mais ligada ao nosso tipo de vida. Filmes como Adaptação, Um Homem Sério, Onde os Fracos Não tem Vez, Borat, Amor Sem Escalas e Preciosa são ótimos exemplos de filmes que não querem a todo tempo estarem no plano “bobo feliz” do cinema, mostrando as coisas como são, mesmo que para isso seja preciso quebrar o cilma da trama no final ou simplesmente não dar um grande final cinematográfico ao filme, apenas cortando a imagem, entendem? Não estou dizendo que eles deixam de lado todo romântismo, mas não abusam dele, preferindo manter-se real e verdadeiro. Nessa roda de filmes, ainda podemos colocar títulos como Distrito 9, Atividade Paranormal, A Bruxa de Blair e Watchmen, que por mais que saiam da nossa realidade, por assim dizer, mantem-se verdadeiros e lógicos, presos a fatores que interferem na trama, fatores que pertecem a nossas vidas, fazendo esse jogo de realidade alternativa que permanece verossímel.

Isso é ruim? Pode ser se avaliarmos da seguinte forma: não há nada mais belo que a imaginação humana, que é supremamente exaltada no romantismo, ou seja, criando tramas românticas, distantes da nossa realidade, criamos mundos diferentes, situações diferentes, para onde podemos fugir quando nossas vidas ficarem chatas, o que é bem legal, não desmereço esses tipos de narrativas. Temos como exemplos: Avatar, Star Trek, O Fabuloso Destino de Amelie Poulain, Um Sonho Possível, filmes que usam e abusam da imaginação de seus autores ou que “enfeitam” histórias reais.

Acho que é realmente necessário essa nova onda de filmes “reais”, isso demonstra que cinema não é só “viagem”, é reflexão sobre como são as coisas, como o mundo pode ser (e é) cruel, como as pessoas realmente tratam umas as outras e como elas são de verdade, sem muitas maquiagens ou atrativos físicos, ou seja, temos numa tela grande o “normal”. Mas, em contra partida, acho ainda mais necessário essa parte de filmes idealizados, porque desenvolve demais a originalidade dos filmes, quando é feito direito é claro, e não simplesmente quando se copia. Em resumo, acho que o equilibrio é o essencial, os dois tipos de filmes devem coexistir, para que o telespectador não feche os olhos para a realidade, mas que também não se esqueça de sonhar.

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