sábado, 4 de setembro de 2010

Matrix- Revolução Visual e Cerebral

O que é real? Com certeza vocês já fizeram essa pergunta a vocês mesmos, senão vai embora que este texto e este filme não é para você. O que faz algo real? Só porque sentimos, vemos, tocamos a coisa é real? São exatamente essas perguntas que o genial Matrix não responde, mas pelo menos elabora de forma espetacular e se transforma num grande marco da história do cinema. Matrix, sem dúvida, fez não só uma revolução visual, mas principalmente uma revolução cerebral!

 

A trama cheia de referências gira em torno de Thomas Anderson (Keanu Reeves), um pacato desenvolvedor de softwares que vive uma vida dupla como o hacker Neo e estranhamente conhece Morpheus, um homem misterioso que mostra a Neo a grande verdade: o mundo é uma ilusão criada por computadores super desenvolvidos com AI que usam os humanos para obter energia. Morpheus explica que ele e sua equipe tem o objetivo de combater essas maquinas e o sistema na Matrix (ilusão da realidade) e assim libertar toda a humanidade do seu controle.

 

O roteiro de Matrix foi uma grande porrada na mente de todos quando foi lançado em 1999. Antes do longa, a junção de filme de ação foda com filosofia ainda não tinha sido feita, e era considerada algo quase que impossível, a mentalidade da época é que eram públicos muito distintos, e os próprios temas eram difíceis de unir, mas eis que surge Matrix quebrando paradigmas, chutando preconceitos, abrindo mentes e principalmente revolucionando a sétima arte. O filme é tão bem bolado em sua teoria que fez muita gente acreditar nessa “realidade”, criando quase uma espécie de “religião Matrix”, o que nos mostra o quão forte o filme é. Agora, vamos desmitificar isso antes que comecem com críticas fdps: eu não acredito nisso, e quando digo “nisso” me refiro ao mundo controlado por máquinas que criaram uma ilusão virtual de mundo, ponto. Porque? Entrando na ideia maluca, se isso realmente fosse verdade, os agentes não deixariam um filme desses ser lançado ;-D

 

A parte técnica do filme é excepcional, e como já foi dito inúmeras vezes, fez uma revolução visual e é sem dúvida um marco na história do cinema, bla bla bla. Os efeitos especiais são impressionantes até hoje, mesmo depois de mais de 10 anos (pasmem, Matrix tem mais de 10 anos!). O lance do bullet time deixou todas as platéias de queixos caídos! Não havia nada no cinema comparado aquilo. Quando chega no seu clímax, Matrix explode em efeitos especiais fodas, resultando em cenas inesquecíveis e brilhantemente boladas, como a invasão no prédio onde as balas nunca acabam, o resgate de Morpheus quebrando a janela em 1000 pedaços, a imortal esquivada de Neo das balas (uma das cenas mais copiadas e satirizadas do cinema!) e o grande combate entre Neo e Agente Smith. Uma palavra para todas essas cenas: ESTUPENDAS! O legal da parte técnica de Matrix também é sua fotografia diferente, que eternizou o verde e preto de maneira criativa, fazendo com que o mundo, de um jeito que eu não sei explicar, ficasse normal e ao mesmo tempo estranho. A trilha sonora escolhida encaixa muito bem no longa, fechando o filme com Rage Against the Machine em grande estilo.

 

As atuações de Matrix não são excelentes, tenho que admitir. Para mim, apenas 2 atores estão bem nesse longa: Laurence Fishburne, o Morpheus, e Gloria Foster, o Oráculo. Eles entraram bem nos seus papéis e deram o tom que os personagens precisavam. Keanu Reeves não é um bom ator, não mesmo, mas está bem encaixado no papel principal, acho que um Daniel Day Lewis não encarnaria melhor [?]

 

O grande lance de Matrix, pra mim, não são os efeitos fodásticos ou a trama empolgante, mas sim a grande mensagem que o filme quer passar, e se enganam aqueles que acham que é sobre os computadores dominando os humanos, na verdade isso é uma grande metáfora do SISTEMA. Vamos por partes. Há sim a jogada de máquinas terem evoluído tanto que são superiores aos humanos e assim os dominam fácilmente, numa espécie de profecia e alerta sobre o uso exagerado de tecnologias, das quais nos tornamos cada vez mais dependentes.Ok. Mas o que a Matrix representa, metafóricamente, é o Sistema, o desprezível Sistema que nos rege, que nos organiza, que nos junta, que nos controla. E nós fazemos parte do Sistema sem nem sequer indagar, estamos tão cegos e alienados que não percebemos que a todo momento fazemos coisas porque o Sistema manda. Sistema lê-se o “how to live” da sociedade que é controlado e criado por um orgão de poder (que pode ser desde uma  pessoa a um país inteiro) que implanta esse Sistema de modo que lhe for mais conveniente, ou seja, a orquestra toca do jeito que for melhor para ele, o grande maestro. O filme mostra essa relação de dominação através de várias simbologias, como o fato de todas as pessoas da Matrix serem softwares que funcionam para que a Matrix funcione, e o diálogo genial entre Morpheus e Neo, quando este é “liberto” e sente seus olhos doerem e Morpheus explica que é porque ele nunca os usou. O grupo revolucionário de Morpheus luta contra a Matrix (o Sistema) que por sua vez revida, com todo o seu poder de controle e tenta de todas as formas impedir que os objetivos do grupo sejam alcançados já que isso significaria perder toda a sua estrutura de controle, que é exatamente o que o nosso querido Sistema faz. A maioria das coisas que abalariam a estrutura do Sistema são rapidamente silenciadas, não dando tempo de virem a tona, mantendo as coisas do jeito que o Poderoso Chefão deseja. A intenção do filme é fazer as pessoas perceberem isso e olharem um pouco para o mundo a sua volta, e tentarem ver o que realmente está acontecendo e o que ela está fazendo, e indagar se é isso que ela quer fazer, se esse é o verdadeiro gosto dela, se ela realmente tem que seguir esse padrão imposto pelo Sistema. E sendo um pouco mais ambicioso, o longa quer abrir mentes, e libertar as pessoas desse Sistema castrador. Pena que para isso, a pessoa tem que escolher tomar  a pílula vermelha, o que poucas fazem…

 

Outra coisa que não podemos dizer que não é genial em Matrix é a sua estratégia de marketing, graças a ela o longa se tornou um dos mais bem sucedidos da história. O filme agrada dois grandes públicos, os adoradores de filmes de ação e os cinéfilos cabeças, e de forma perfeitamente equilibrada, nenhum dos dois públicos sai perdendo. Matrix sobretudo é um filme cool demais, estabeleceu uma marca muito forte. O lance das roupas pretas, os óculos escuros, as armas pesadas, os efeitos especiais impressionantes, tudo soou muito “maneiro”, e reuniu num único filme tudo que um homem de bom gosto precisa: ótimas cenas de ação, roteiro inteligente e reflexivo, um estilo único e uma trilha sonora empolgante, só faltou nudez feminina. Bem, temos a Trinity de roupa colada pelo menos.

 

Matrix é um filme indispensável, você tem que assistir e ponto. É o tipo de filme que  dá sentido a palavra “incrível”. Sua influencia no mundo do cinema é gigantesca, os filmes de ação depois dele foram enquadrados como filme “pós-matrix”, devido as inúmeras influencias que eram encontradas neles. Essa influencia podemos ver até hoje em dois ótimos exemplos que na verdade dividem Matrix em 2: Avatar, pegando a parte dos efeitos inovadores de Matrix, e Inception, pegando a parte reflexiva e cerebral do longa. Um comentário rápido: Matrix é superior a esses dois, mas enfim. É uma grande pena terem banalizado o longa com suas medíocres continuações, que se perderam no caminho reflexivo, ficou confuso e acabou virando uma série de efeitos fodas e nenhum sentido. Mas o bom é que Matrix 1 é um filme único que não precisa de continuação, ele se fecha, e termina o circulo, e pronto, já basta, então, esqueça as continuações. Não posso obrigar ninguém a ver o filme, mesmo que eu queira, é você que tem que tomar a decisão, você que tem que escolher se quer ficar na Matrix ou sair dela.

“There is no spoon”

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Anúncio