segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Os Infiltrados- Dando uma olhada no abismo..

Um dos filmes mais aclamados da carreira de Martin Scorsese, e, sem dúvida, um dos melhores longas de ação de ultimamente, Os Infiltrados com toda a sua riqueza de detalhes e uma história incrivelmente impactante e sufocante atinge o principal requisito de um bom filme: entreter o público, sem perder o conteúdo e a classe. E digo desde de já, não querendo fazer polêmica, que acho que Os Infiltrados é a verdadeira obra prima de Scorsese! Taxi Driver é ótimo, realmente gosto muito e vou um dia fazer um post sobre ele, mas Os Infiltrados é um filme muito mais completo e até mesmo mais complexo, sendo assim, na minha opinião, a grande obra prima de Martin Scorsese é Os Infiltrados (levando em consideração todos dele que eu já vi).

Baseado no filme oriental (também muito bom) “Conflitos Internos”, Os Infiltrados mostra dois pontos de vista antagonicos: o da polícia e o dos criminosos, e propõe a seguinte reflexão genial, “quando se esta com uma arma na mão, qual a diferença?”. De um lado vemos o novato policial Billy Costigan (Leonardo DiCaprio) que por ter crescido em meio a criminalidade se torna a pessoal certa para se infiltrar no grupo do grande mafioso Frank Costello (Jack Nicholson). Seus chefes (Mark Wahlberg e Martin Sheen) o colocam lá como espião, com o intuito de prender o tão procurado chefão do crime. Porém, eles não sabem que Costello também tem um infiltrado na policia que lhe mantém informado de tudo, Colin Sullivan (Matt Damon). Com essa grande rede de segredos e inversão de papéis, tece-se um impressionante história, onde não existe bem nem mal, e muito menos lados realmente declarados, mas sim interesse individual.

Acho o roteiro desse filme espetacular, simplesmente espetacular! O jogo de identidade proposto pelo longa é envolvente demais, tira seu fôlego com tamanha genialidade e originalidade. Em cenas temos um policial tendo que fingir ser um criminoso e criminoso tendo que fingir ser um policial, isso é brilhante, lembra muito “A Outra Face”, mas em proporções e profundidades diferentes.Os Infiltrados é um grande filme de espiões numa dança da morte em que se vê os dois lados da moeda e a linha tênue que os separa. Incrivel.

As atuações desse filme são vicerais! Com um elenco forte e pontual, tudo corre bem na narrativa que não se perde em momento algum. Em destaque podemos apontar DiCaprio, numa performance sofrida que conseguiu demonstrar todas as camadas de seu personagem que entra em desespero e depressão na situação incomoda em que se encontra; Matt Damon com uma arrongância e prepotencia exemplar, qualificando bem seu personagem egoísta e malicioso;Vera Farmiga numa personagem excepcional que é disputada pelos dois infiltrados sem que nenhum deles saibam; e o mestre Jack Nicholson que tem uma atuação fascinante, sendo uma das melhores de sua carreira e se equiparando a Marlon Brando como Don Vito Corleone, na minha singela opinião.

A edição do longa também é muito boa, dinâmica e ágil, acompanhando bem o clima tenso do filme, onde enquanto uma ação ocorre, uma reação já está sendo armada pela troca de informções entre os infiltrados e seus chefes, o que nos deixam eufóricos com os conflitos eminentes. A música tema do filme também é excelente, se chama “I’m Shipping up to Boston” da banda “Dropkick Murphys”, é realmente viciante. Embora a música tema seja ótima, a trilha num todo não é muito boa, tem muitas músicas desconexas com as cenas, o que fica estranho e acaba incomodando um pouco, mas nada demais.

O mais legal desse filme é a profundidade dos personagens. Todos foram tomados pelos papéis que representam, de forma boa e ruim. Ao se infiltrar no grupo de mafiosos, Billy entre em choque com seus próprios valores, luta contra si mesmo para poder manter as aparencias, o que promove um grande rebuliço de sentimentos nele que o afetam psicológicamente, se tornando algo muito reflexivo no filme. O mesmo acontece com Collin, que vê como é bom estar no poder no lado do “bem”, onde você recebe proteão e não precisa ficar se escondendo dos outros, tudo é legalizado e seu status é respeitoso, sendo o grande fator que o move em tudo, virando o jogo de maneira sensacional. Esses dois personagens caracterizam bem como um homem pode reagir as circunstancias que os cercam, aplicando a regra do Determinismo, ou melhor, colocando-a a prova uma vez que Billy representa aquele se mostra forte, resistindo ao meio e mantendo seus principios, sendo o que o próprio Costello disse no inicio (“não quero ser determinado pelo meio, mas sim determinar o meio), e Colin é aquele que se submete ao meio de certa forma, mais pelo fato de lhe ser conveniente do que por fraqueza ou algo do tipo. Essas relações no filme são fascinantes, nem tenho palavras, termino então esse paragrafo com a célebre, e já mencionada por mim antes, frase de Nietzche: “Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você”.

Em resumo, Os Infiltrados é um dos melhores filmes policiais já produzidos pelos EUA, e mesmo que os americanos não recebam o mérito de uma ideia tão genial eles souberam aproveita-la muito bem, dando toques estilosos a trama e profundidade, fazendo desse longa indispensável para os amantes do gênero de qualquer lugar do planeta. E fica o aviso, quando uma pessoa está armada, não importa se ela é um policial ou um bandido, ela é uma pessoa com o poder de tirar a sua vida, e ponto. (Que final de texto estranho e repressor :s)

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