terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Crepúsculo dos Deuses- Hollywood bizarra dos anos 50

Olha, a última coisa que eu tento ser é escroto quando falo com meninas, mas se vc leitora foi atraída por este post por achar que tem algo a ver com o fenômeno vampiresco adolescente “Crepúsculo” pode dar meia volta ou ler outra coisa desse blog (recomendado), porque este post é dedicado a um dos maiores clássicos do cinema em preto e branco e que mesmo depois de 59 anos mantem-se atual e interessante. Só para esclarecer, a diferença básica entre esse filme e a saga “Crepúsculo”, é que este filme é bom! :D.

A história do filme é simplesmente incrível, Joe (William Holden), um roteirista desempregado acaba por acidente parando na mansão de Norma Desmond (Gloria Swanson), uma grande atriz do cinema mudo, que agora com a chegada do cinema falado está esquecida. Joe chega num momento meio estranho onde Norma está esperando a funeraria para enterrar seu macaco morto, percebemos assim que ela está meio perturbada, já que não faz mais sucesso como antes, nos mostrando uma personagem extravagante porém ainda de certa forma normal. Eles então começam um relacionamento esquisito, ela contrata ele para escrever o roteiro do seu próximo filme q lhe trará de volta aos holofotes da fama, pelo menos é isso que ela acha, desempregado, Joe aceita, de mal gosto, mas aceita. Daí em diante os fatos vão nos levando a um caminho assustador da indústria cinematográfica, mas de forma deliciosa, nos fazendo gostar de cada cena, de cada frase egocêntrica de Norma e de cada frase sarcástica de Joe, é um filme imperdivel. A cada passo, o filme nos revela segredos obscuros da atriz, nos deixando perplexos, e também mostra cada degrau da loucura descido por Norma até o impressionante fim onde ela transpira insanidade contida apresentando-nos a famosa cena final selada com a frase inesquecivel: “Mr. DeMille, I’m ready to my close-up”.

O roteiro do filme é excepcional, muito bem escrito e muito bem conduzido o que é o mais importante. As falas saem das bocas dos personagens perfeitamente, já que foram aliadas à atuações primorosas, principalmente de Gloria Swanson que transmite o tom certo de amargura, insanidade e carencia. O personagem de Holden tem ótimas tiradas sarcásticas, que te arrancam boas risadas nervosas no meio de tanta bizarrice. Dentre outros personagens do filme, temos também o mordomo misterioso de Norma, Max Von Mayerling (Erich von Stroheim) que pra mim é uma mistura estranha de Alfred Hitchcock e o Batatinha do Manda-Chuva. Outra personagem importante da história é Betty Schaefer, uma jovem roteirista por quem Joe secretamente se apaixona, vivida graciosamente por Nancy Olson.

Por trás de toda boa atuação em conjunto há sempre uma direção brilhante, no caso, o diretor é um dos meus antigos favoritos: Billy Wilder, responsável por outros sucessos como “Quanto mais Quente Melhor” e “Se meu Apartamento Falasse”. Ele nos apresenta uma Hollywood obscura e cruel, causando polêmica na época do seu lançamento e deixando o filme ainda mais interessante. Seus truques de câmera e angulo dão ao filme o toque que precisava para nos apresentar esse deleite visual.

“Crepúsculo dos Deuses” é um filme essencial para todos os amantes do cinema, e que ao meu ver merecia ganhar o Oscar de Melhor Filme de 1950 no lugar de A Malvada, que se tornou seu “filme rival” da virada da metade do século. É um filme que eu realmente indico, principalmente para aqueles preconceituosos que rejeitam qualquer filme em preto e branco, porque depois que virem esse filme perceberam o quão forte ele é, e terão mais respeito pelas raízes cinematográficas, além de pararem de se envolver com drogas, como a saga “Crepúsculo” :D!!!

“Mr DeMille, I’m ready to my close-up”

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